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não vejo coragem nessas pernas.
estão secas e úmidas,
na pior temperatura.

entramos em uma espécie de outono cruel,
o vento cortanto os rostos,
as mãos nos bolsos,
os ombros arqueados.

sinto dentro do peito uma neve espessa,
uma neve acumulada dos infalíveis erros que cometi.
tantos, e tão vazios.

erros espessos me enchem de medo.

enquanto isso deixo o outono perpassar o meu umbral.
com as mãos nos bolsos,
os ombros arqueados.
ficarei na solidão.

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