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acordei com uma espinha bem no meio dos dois seios. uma espinha pungente. uma espinha espinhuda. acordei e mergulhei o pé nesse poço de água fria, dessa água feita de neblina. sem espelho, com reflexo. deslizei meus velhos pneus pela cidade. pelas ruas caucasos indigentes. pelos meus vícios de linguagem, pelas linguas, pelas pessoas de passagem. enchi minha mala de livros e arrumei meu lenço escuro. fui a mil enterros invisíveis. nas paisagens fiz festinha nas suas bochechas. senti saudades na tua presença. amarraram-me as mãos com um beijo nos olhos. sem tempo para os lados me mantive sempre a frente. acordei. novamente acordei. hoje acordei diferente.

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