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faz tanto tempo que eu não faço um texto que preste. só essas digressões inúteis em primeira pessoa. um estilo porco. como escutar uma música e enxergar luzes verdes e cervejas e velas vermelhas. como não descrever as cores das luzes. enxergar. a violência amargurada num dia de chuva. alguém vem e fuma um cigarro vizinho a sua garganta doente. e sorri pra você. você sorri de volta e imagina seu pé no olho direito do sujeito. imagina os dois dedos abrindo um porão no lodo grosso do jardim. sempre confundo sotão com porão. espaços escusos, de erotismo infantil. boas lembranças, frutas cristalizadas, beijos embaixo dos móveis, balinhas da vovó.

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