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ela olhou nos meus olhos e disse que se sentia menos minha.
não foi bem assim, não foram essas as palavras que ela usara.
ela disse algo como "você não quer mais estar comigo", e vi uma tristeza densa nos seus olhos,
um lampejo de refujo, de caverna. Quando eu dizia que me sentia sozinha ela também pensava se tratar dessa espécie de companhia que há entre nós, de uma natureza muito diversa da solidão que reclamo, cheia de outono e de silêncio.
Ela olhou nos meus olhos e adivinhara, pois nada fugia a seus sentimentos.
Não deu tempo de explicar.
Eu não pertencia menos a ela. Eu pertencia menos a mim.

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