horror

hoje eu abri os olhos como quem levou um soco. oco. profundo. no meio do peito da noite passada. hoje eu abri os olhos como quem bebeu muito. como quem se perdeu nos lugares escusos por onde andam os socos. anônimos, versáteis. hoje eu abri os olhos, mas não acordei. e quando por fim eu acordei eu fechei os olhos. eu segui pela cidade com todos meus instintos perdidos. domesticados em sinal vermelho. eu lembrei dela e quis colo. eu quis prolongar o calor do banho, quis prolongar a maciez da cama, do sono. quando nada funcionou eu bebi café. e eu ainda tava sozinha. e eu passei pelo largo da batata e quis viver o passado de anteceder a solidão de deixa-la lá. eu chorei. mais uma vez. e gritei. e pedi para nunca mais viver essa dor. hoje eu abri os olhos como quem se enganou por muito tempo. ou os fechei.
não importa, a dor era a mesma.
e a ausência dela.

Um comentário:

  1. é, gracinha.

    acontece com todas nós!

    quero tomar uma cerveja contigo. topa?

    ResponderExcluir