Os dentes estão na boca. Brancos. Amarelos. Pretos. Estão para que mordam. Para que sintam o gosto acre da tinta vermelha abundante nos dedos e no rosto. Não é o mesmo gosto do sangue. A cabeça está aí para que isso se saiba. O gosto da tinta vermelha diz ao corpo da proximidade da morte, e envenena o corpo lentamente.
Se olhe no espelho do banheiro. E se alimente de tinta, vermelha ou preta. Aos poucos a pele vira plástico, e a emoção dizem que vira arte. Se aproxime assim, devagar, da morte. Como quem pede a mão em dança de uma mulher linda, cujo nome ninguém conhece.
O gosto é pior do que o do gin, mas funciona melhor.
Então ache algum utensílio delicado e afiado, e escreva seus melhores poemas no papel da própria pele. Vem para a superfície o sangue que sempre foi menos seu do que do mundo.
Esqueça seu nome. Esqueça quem veio antes. E o que há te de atrapalhar amanhã.
Deita nesse chão cor de terra. E esquece o mapa do próprio corpo.
Esquece. Esquece tudo.
Vamos descobrir tudo juntos,
até o vento virar sopro.













E transformar o vento em sopro.

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